sexta-feira, 30 de outubro de 2015

outros rumos

sei que mal começamos e eu aqui já vislumbrando outros rumos,,,mas não pude evitar, ao pensar no decorrer destas três jornadas a que aqui nos propomos a imagem de trajetos entre vida e sonho logo me ocorreu, vou explicar melhor: ‘outros rumos’ são proposições ou ações ou intervenções ou performances, sempre em curtos espaços de tempo, que levem o sonho à vida, ou a vida ao sonho, aí poderiam entrar antigos projetos comuns e até os não realizados, como por exemplo o pingo rosa, ou o par de vaso...acha que é viagem? será que cabe ou é sonhar demais? :)

domingo, 25 de outubro de 2015

por email

 (...) é que voltei a pensar sobre o título ..Será que não seria melhor mesmo manter o original : a vida é sonho (?) O que eu pensei é que a frase tem propriedade, é livro/peça/conceito e é a partir dela que expandimos. ..Não sei...fiquei pensando depois que realmente é afirmativa, diferente de vida e sonho , que coloca dois lugares distintos,  e de vidasonho que as coloca juntas em uma coisa só. A vida é sonho me diz que uma coisa é também a outra, como dizer que o sonho é vida. O que você acha? 

sábado, 17 de outubro de 2015

assemblage-figurino : o projeto 2013

em julho de 2013, comecei a elaborar um projeto para um concurso de figurinos patrocinado pela udesc para uma montagem teatral desenvolvida no centro de artes.
daí surgiu o projeto assemblage-figurino que acabou vencendo o concurso proporcionando uma maravilhosa parceria com o grupo, minha volta ao teatro depois de mais de 20 anos e a reelaboração, construção e viabilização dos figurinos que até hoje estão sendo usados no espetáculo.
eu adoro esse projeto pois ele é uma concretização prática de meu grande plano conceitual...
hoje vou mostrar apenas o projeto,nos próximos dias apresentarei o processo junto ao grupo e por fim o espetáculo.

tudo começou no caderninho de anotações.
mais precisamente nesse aí abaixo...































a montagem assemblage, dirigida por jussara xavier, se apropriou de trechos significativos de vários espetáculos de dança contemporânea que foram rearranjados e ressignificados em grupo, durante o seu processo de criação.
o termo assemblage e as referencias pinceladas no edital já começaram a suscitar idéias...na verdade, os conceitos apresentados ali, tinham muito a ver com aquilo que já vinha fazendo.






























aí fui ver o ensaio, as coisas se encaixaram ainda melhor e o projeto foi ganhando consistência. fui comprando peças de roupa pensando na sua textura, maleabilidade e principalmente versatilidade, e comecei a fazer experimentos.



































durante pouco mais de um mês minha casa virou um laboratório de figurinos e as mesmas montanhas de roupa que me fascinavam nos brechós beneficentes foram sendo recriadas no chão da minha casa.quando terminei, mesmo não sabendo se ia ou não rolar, já tinha todas as peças necessárias para a sua concretização. é lógico que um projeto é só um projeto e depois as coisas ainda mudaram muito, mas isso contarei só amanhã...   



abaixo, para quem possa interessar apresento parte do  projeto 

assemblage-figurino como foi entregue: 
essa era a embalagem, que foi feita à partir de uma blusa listrada de mangas compridas e um button, ambos, elementos do conceito e ao mesmo tempo peças usadas posteriormente na montagem!



o conceito
assemblage = agenciamento
o conceito chave para a criação do projeto assemblage-figurino parte diretamente da noção de assemblage proposta pelo grupo: 
“Em uma montagem cênica, a ideia de assemblage – que  significa reunir, juntar, acumular – sugere a união de trechos de espetáculos já existentes e de diversos autores com composições do próprio elenco. Esse é o conceito que guia a peça dos alunos de Montagem Teatral I."

 alimentando-me,de imagens e material presentes tanto no espetáculo quanto nas referencias sugeridas pelo grupo, logo  percebi que essas investigações ressonam com a minha recente pesquisa na área de figurinos como a apropriação, rearticulação e ressignificação  de peças de roupas usadas iniciada na exposição o desejo do verme em 2012. 

sendo assim:

reunir,juntar,acumular,
apropriar-se,
articular e rearticular,
desmontar e remontar,
conectar em novas possibilidades,
territorializar e desterritorializar,
multiplicar funcionalidades,
criar relações entre as partes e o todo
intercambiar

o projeto 

o desenvolvimento do projeto assemblage-figurino começa  na articulação (ou agenciamento) de 3 situações:

1.a montagem assemblage do grupo dos alunos de Montagem Teatral 1:
 (e implicitamente as referencias diretas para o espetáculo:Anne Teresa De Keersmaeker e a companhia Rosas; Alain Platel e a companhia Les Ballets C de la B; Wim Vandekeybus e a companhia Ultima Vez; Lloyd Newson e o grupo DV8 Physical Theatre; Pina Bausch e a companhia Tanztheater Wuppertal; Meg Stuart e a companhia Damaged Goods). mais especificamente a primeira cena do espetáculo, onde os personagens se aglomeram formando montes de corpos que se formam e re-formam em inúmeras possibilidades(vide imagem).































2.assemblage em Jean Dubuffet:
em sua origem nas artes visuais, assemblage denominava o processo de criar imagens, bi ou tri dimensionais usando como material objetos encontrados, Jean Dubuffet foi considerado um dos primeiros artistas a envolver esse processo em sua obra. Posteriormente entre as décadas de 40 e 60 Dubuffet estende esse conceito experimentando incessantemente a aglomeração de campos de formas, cores e texturas em pinturas,ilustrações, esculturas e ambientes(vide imagens). 





3.as montanhas de roupas usadas encontradas nos brechós beneficentes: associação imediata que essas duas primeiras situações me trouxeram e fonte primária de matéria prima para a minha pesquisa com figurinos(vide imagens.






o material
peças de roupa usada garimpadas em brechós beneficentes  - todas as peças utilizadas para a criação de assemblage-figurino foram ou serão encontradas nesses brechós. a priori defini o tipo de peças que me interessam, pelo tecido, pela forma, pelas  cores e texturas, porém muitas vezes são as peças encontradas que definem as possibilidades. estipulei uma quantidade definida de 50 peças base, além delas utilizarei peças complemento produzidas a partir de partes de roupas, como mangas, golas, polainas etc.

buttons 
elemento conector – podem ter uma função utilitária: para dobrar, puxar, ajustar,ou juntar mas também funcionam como elemento estético:adereço,botão,acessório. espalhados pelos personagens funcionam também como pontos de conexão que unem o grupo em diferentes situações. Serão confeccionados 60 buttons  de aproximadamente 4 cm de raio, utilizando como material os mesmos tecidos cortados de peças do figurino, ou de outras peças encontradas nos brechós com cores e estampas similares. é importante ressaltar que os buttons serão distribuídos equilibradamente nos diferentes figurinos e momentos de cada personagem, podendo estar presentes ou não, conforme a necessidade funcional e estética, e só estarão presentes em partes do corpo que não comprometam os movimentos do personagem na cena.



as peças de assemblage-figurino são maleáveis:
 permutáveis entre os integrantes do grupo e entre cada personagem terá um figurino que se reconstitui durante o espetáculo: cada peça pode ser desconectada de um personagem e reconectada com peças de outros personagens criando possibilidades indefinidas. Na medida do possível o mesmo integrante ao sair de cena volta sempre com o figurino trocado, acrescentando algo, modificando o seu uso ou trocando, pois cada peça pode ser rearticulada, remontada ou usada diversamente:um vestido que vira blusa que vira chapéu, uma calça que vira manga, uma camiseta que vira hotpant,uma toca que vira gola, uma saia que vira vestido acoplado a uma manga que logo retorna como joelheira,e assim por diante. 

dentro da perspectiva de assemblage - a montagem - como um agenciamento específico, gostaria que o  projeto de figurino se conectasse a esse sistema como mais um elemento,com,e a partir das possibilidades que ele traz consigo e  de como ele mesmo vai se transformando com a sua incorporação pelo grupo. Portanto, como parte inseparável desse conceito todo o figurino tem a mobilidade de se transformar em outras coisas conforme o corpo, a necessidade e a vontade dos sujeitos que participam. essa proposta permite que os personagens sejam ressignificados a cada nova entrada. em cada volta acena seu figurino sofre algum tipo de modificação que  o recaracteriza. ao mesmo tempo as próprias peças do figurino também se ressignificam a cada volta. Essa mobilidade é parte central do conceito porém estou ciente de que será necessário ajustar esse conceito a sua real viabilidade em relação ao espetáculo.

20 croquis + outros exemplos do conceito aplicado: 
a seguir apresento os croquis de 20 figurinos (como determina o edital) e ainda algumas sugestões de troca de figurino entre os personagens,além de alguns exemplos de reconexão ou reformulação das peças.praticamente todas as peças de roupa apresentadas nos  20 croquis e demais exemplos já vem sendo adquiridas desde que comecei a elaborar esse projeto. os croquis apresentados são sugestões, alguns para cenas específicas e outros para cenas coletivas. gostaria de ressaltar que seguirei pesquisando as possibilidades antes e durante as provas de figurino com os integrantes do grupo onde apresentarei minhas sugestões para os diferentes personagens. como já explicado acima ,todo o figurino possui caráter  maleável podendo  ser remontado e intercambiado entre os personagens, portanto, toda  a experiência está aberta para novas possibilidades e sugestões na troca com o grupo, que terá autonomia, caso queira, para seguir experimentando independentemente da presença da figurinista.( de qualquer forma seria estimulante, se possível,  seguir participando de ensaios) :)










quinta-feira, 15 de outubro de 2015

a precisão do sonho

"um dia tive um sonho, não sei se foi dormindo ou acordada, sonhei com um figurino todo feito  a partir de pijamas e camisolas para a peça “a vida é sonho”. antes mesmo de ir atrás do texto do Calderón,e de pesquisar imagens de montagens anteriores dessa peça no google, contei o sonho prá minha amiga ana pi, também artista, figurinista e cenógrafa com quem de longa data compartilho caminhos, projetos e encantos. imediatamente o olho dela foi abrindo, foi brilhando...ela pulou prá dentro do sonho  e começou a vislumbrar ideias para o cenário:
- e se fizéssemos tudo de nuvens, tudo de fumaça?!...
esse foi o começo, e o começo já faz um bom tempo...mas, depois falo mais disso, senão posso terminar espantando você caro leitor..."

...exatamente assim comecei a esboçar esse projeto, me lembrando de como tinha sido o começo dessa estoria...
mas, olha isso ana!
quando fui procurar o dia do sonho prá colocar na data dessa postagem como haviamos combinado...























não sei se deu prá ler, mas fiquei pasma quando vi que o sonho tinha sido ainda mais preciso...
não me lembrava mesmo disso, mas, você não pulou prá dentro do meu sonho, desde o começo você já estava lá!!!