dizem que é bom escrever o sonho ao acordar (antes que se desmanche no céu da boca) ou contar para alguém, ou ainda virar o travesseiro e dormir denovo para o sonho continuar... e se não suficiente então pode-se ainda fazer um blog (!) para que se tenha um alcance muito maior, um alcance de sonho quando te faz voar pela janela a lugares desconhecidos e até mesmo inusitados...
...aqui pode não ser real, mas é janela de um sonho compartilhado.
Imagens de um trabalho que muito me emociona, Cuida de mim, com o Ronda grupo de teatro e dança no qual trabalho desde 2009, quando encontrei este ponto de encontro definitivo com a dança e o teatro...porque até então tudo o que eu fazia , por mais controverso que fosse, partia do eixo dos conceitos das artes visuais; intervenção, performance, contaminação, palavra, desenho, objetos, enfim, sempre a imagem norteando os processos, mas também o corpo, ou os corpos , porque o lúdico estava sempre lá, fazendo sujeitos. e quase sempre em tempo real, espontâneo e livre. Trazer tudo isso para a cena eu nunca tinha sonhado! direção, dramaturgia, luz, trilha sonora, tempo... e a improvisação que me permitia a poesia! era então um sonho mágico e o primeiro objeto que entrou em cena foi obalanço de apenas ir nascido de uma gravura -desenho - poesia e materializado anteriormente em corpo e sonho no espaço Contramão, mais um sonho compartilhado com a adri e do qual falamos em outra postagem. Bem, o balanço caiu como pluma neste trabalho e me impulsionou nesta jornada de criar lugares dentro da cena.
A experiência do objeto para cena é de entrega e desprendimento, primeiro você captura a imagem e depois solta para que ela cresça, e voe! e com a pesquisa , o fazer e o amadurecer do trabalho o repertório criado na relação entre corpos e objetos surpreende e toma rumos que os fazem crescer...e então você tem objetos que desenham corpos que dão corpo aos objetos..
Obrigado ao grupo Ronda por bordar o chão com flores!
Espetáculo:Cuida de mim
Realização: Ronda Grupo Classificação: livre Duração: 60 minutos Direção/concepção: Zilá Muniz Assistente de direção: Paula Bittencourt Dançarinos: Egon Seidler Nastaja Brehsan Paula Bittencourt Vicente Mahfuz Cenário/objetos de cena: Ana Pi Fabiano Bernardes Iluminação: Marcos Klann Figurino: Zilá Muniz Trilha sonora: músicas de Gavin Bryars Designer gráfico: Lena Muniz Fotos: Cristiano Prim Produção: Egon Seidler O espetáculo foi montado por meio de um prêmio do Edital Elisabete Anderle de Incentivoà Cultura, promovido pela Fundação Catarinense de Cultura no ano de 2010.
ASSEMBLAGE prá mim é um espetáculo perfeito! claro que sou muito suspeita prá falar pois o meu envolvimento com essa montagem foi total, a ponto de me sentir mais uma integrante do grupo.
aparte esse meu envolvimento pessoal e também o significado desse projeto em minha trajetória como figurinista, assemblage é uma experiencia de muito sucesso, que acumulou vários festivais e prêmios, o elenco diminuiu bastante e muitas cenas foram retrabalhadas e após dois anos da estréia segue levantando platéias.
prá quem quiser saber mais sobre esse espetáculo sugiro que entre aqui
no dia da estréia,eu e a bruna, (que foi minha indispensável como assistente e acessora) estávamos nos bastidores ajustando os últimos detalhes, passando as peças, separando espaços no camarim para que não houvesse confusão na hora das trocas de figurino pois como já contei, eram 23 atores e cada um tinha de 4 a 7 trocas de figurino durante o espetáculo.
em meio ao nervosismo geral fui chamada para participar da concentração que o grupo fez minutos antes do início do espetáculo.ouvindo o burburinho do público lá fora, e depois de alguns últimos detalhes todos se deram as mãos em roda e em silêncio cruzamos os olhares, minha mão vibrava e podia sentir a energia circulando entre nós. esse momento que aconteceu em todos os espetáculos, me trouxe à tona algo que não vivenciava desde a época em que amava o meu grupo de teatro da escola. a energia da presença que só acontece no teatro e talvez seja comparável com a performance na relação com o público, mas aquela força do grupo que senti naquele momento é algo incomparável e inesquecível e sou muito grata à jussara xavier e ao grupo coletivo trocado por ter sido acolhida com tanto calor.
nem preciso dizer que fui em quase 100% dos espetáculos naquela primeira fase, não só por uma auto exigência e perfeccionismo artístico, porque queria que cada detalhe estivesse perfeito ou mesmo porque não queria largar o osso do meu oficio, mas também, porque sentia que aquilo era a figurinista em ação, que incluía uma espécie de serviço para o bem geral: cuidar da peças e dos atores, dar força, vibrar com eles a cada entrada e final de cena nos bastidores, ajudar nas dificuldades etc. era como se aquela fosse a minha cena,e o meu personagem que se confundia comigo mesma, se sobrepunha a mim e me tornava exatamente aquilo...
pronto, agora já falei demais de mim, deixo prá vcs aqui as lindas imagens do espetáculo nos seus primeiros dias feitas pelo meu colega, o artista e fotógrafo chileno oscar chica.
uma grande surpresa e um retorno incrível, prá mim enquanto artista,foi a apropriação por parte do grupo, da montanha de roupas que meu projeto propunha como referência , que acabou sendo usada como imagem no espetáculo.
lá no finalzinho dele, cada ator, ía entrando com peças de roupa na mão e jogando sobre outras até formar essa montanha!
assemblage acabou de completar 2 anos de estrada,o elenco diminuiu bastante e muitas cenas foram retrabalhadas. o espetáculo é um sucesso por onde passa, entrou em dois festivais nacionais, coleciona vários prêmios, entre eles o de melhor figurino :)no FITUB,Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau em 2014. na próxima semana,terça-feira,10.11.1015, às 20h no teatro Pedro Ivo será a última apresentação de assemblage. para quem estiver em Floripa, programa imperdível!!!
a casa estaciona.
nela tem uma porta, é só bater três veze se abrir devagar a maçaneta feita de galho de goiabeira.
7 minutos e você consegue ouvir o seu coração bater...
personagem (?)
teatro para um único espectador de cada vez (?)
um cenário para entrar e dentro tudo está costurado ou amarrado minusciosamente, a luz é trêmula e o cheiro é de mato e também café, não sei se é real mas vejo bolhas de sabão saindo pela chaminé...
'Coisas que fazer o coração correr mais rápido' foi contemplado com o prêmio Funarte Arte na Rua, 2013, estreou em dezembro de 2014 e segue em processo visto que é feito de experiência e concebido pelo tempo. Um trabalho da Traço Cia de Teatro em que faço direção de arte, concepção e execução de cenário e figurino juntamente com a Cais universo marcenario, responsável pelo projeto e execução da casa.
a figurinista sempre existiu, mas como uma situação consciente, surgiu no dia 12.12.2012. ou seja, o dia do fim do mundo, foi o dia em que tudo começou. se quiser mais dessa estória clique aqui
mas a figurinista é também um blog que nasceu no meu último aniversário em dezembro de 2014. há anos que sonhava em começar um blog, anotava minhas ideias sobre o tema,fazia postagens escritas nos caderninhos,desenhos,esboços e até escrevi um projeto de doutorado,prá finalmente trazer o blog à tona. no final do ano passado, após uma conversa com minha amiga jô, resolvi começar, mesmo sem estar totalmente satisfeita com a aparência e o profissionalismo do meu blog. e,nada como começar...
apesar de falar muito da vida cotidiana, da casa, de coisas aparentemente banais e daquilo que me encanta, um dos assuntos centrais mesmo desse blog são figurinos. gostaria de esclarecer que aquilo que entendo como figurino abrange muito mais do que as roupas feitas para um espetáculo, filme ou apresentações específicas. chamo de figurino a roupa escolhida por qualquer pessoa para determinada ocasião ou efeito. Além de ser um espaço de apresentação de meu trabalho como figurinista é principalmente o espaço onde sou essa personagem e esse blog é a minha performance desse momento.
a figurinista é a minha segunda empreitada em um blog-performance.
o primeiro,se chamou a estilista, e considero como um esboço mal sucedido. o terceiro,é este aqui,a vida é sonho, que por ser compartilhado com a ana pi, já nasce como uma outra coisa, que só saberemos enquanto fazendo.
Em Lugar nenhum, o grupo Ronda trabalha a tríplice criada entre o indivíduo, o coletivo e o bem estar num mundo onde as identidades são descartadas e o corpo, encarnado de sentido, se transforma em imagem. A revelação de estados de corpo e as sensações que estes estados evocam constituem a afirmação nostálgica da memória.
Espetáculo: Lugar nenhum
Realização: Ronda Grupo de Dança e Teatro
Classificação: livre
Duração: 52 minutos
Direção/concepção: Zilá Muniz
Dançarinos: Egon Seidler Nastaja Brehsan
Paula Bittencourt
Vicente Mahfuz
Cenário/objetos de cena: Ana Pi
Iluminação: Marcos Klann
Operação de luz: Paula Bittencourt
Figurino: Zilá Muniz
Trilha sonora: Marcelo Muniz (músicas do repertório de Cartola)
Designer gráfico: Lena Muniz Fotos: Cristiano Prim e Meg Tomio Roussenq Lugar Nenhum foi contemplado com o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna em 2009